Táctica III

A etapa mais complicada do desenho táctico é traduzir o plano de jogo para o Football Manager. Como já referi, eu penso que o Criador de Tácticas veio ajudar a ultrapassar essa dificuldade. Utilizando uma linguagem futebolística, é assim possível criar uma táctica de uma forma simples e concreta.

No entanto, o Criador de Tácticas tem as suas desvantagens. Apesar de ser mais simples criar uma táctica, existe menos controlo sobre as instruções. A melhor maneira de aproveitar as vantagens dos dois métodos é construir a base da táctica no Criador de Tácticas e depois ajustar as instruções que não nos agradam, através da opção Avançado.
Vou mostrar, para todas as posições, as alterações que fiz às instruções standard do Criador de Tácticas.

A partir do Criador de Tácticas criei a base e depois fiz algumas alterações. Subi a defesa para manter a equipa compacta, que facilite o jogo de passe curto e a pressão alta. Pelas mesmas razões diminui o comprimento da equipa. Aumentei a temporização para reproduzir ao máximo o passe e corte, característico do Barcelona de Cruyff.

Guarda Redes libero básico, para cobrir os passes nas costas da defesa. A única alteração é a distribuição para Piqué.

Piqué será um defesa que joga a bola, para permitir o seu envolvimento numa fase inicial da construção. Encurtei um pouco o seu passe para que ele passe predominantemente para Xavi, que vai descer para receber a bola.

Puyol terá a tarefa de Bloqueador. Ele pressionará mais que os outros defesas, permitindo a antecipação de passes e o acompanhamento de avançados que desçam no terreno.

Defesa central simples. A única alteração que fiz foi ordenar Abidal a jogar pelos flancos, o que eu penso que vai permitir um melhor posicionamento nas transições defensivas. É apenas uma experiência...

Diminui a mentalidade de D. Alves para formar a linha de quatro defesas, quando sem bola. De resto, todas as alterações foram feitas para aproveitar as qualidades do jogador.

Médio defensivo, com passe curto para passar para Xavi mal recupere a bola. Diminui a pressão, para que o médio defensivo se mantenha atrás da linha de quatro do maio-campo.

Construtor de jogo simples. As alterações feitas asseguram a manutenção da linha de 4 do meio-campo, quando sem a bola.

Construtor de jogo avançado. Neste papel, Iniesta deverá receber a bola de Xavi ou do médio defensivo, e fazer o último passe. Diminui os cruzamentos para manter Iniesta no centro do terreno.

Estas são as instruções de Messi. As de Henry são semelhantes. A única diferença é que Henry tem um passe mais curto, pois se pretende que Messi seja tenha um alcance de passe maior, para poder colocar toda a sua criatividade em campo.

Ibrahimovic é um avançado completo. Apenas diminui o "Correr do fundo" para que o jogador desça no terreno e arraste a marcação, abrindo espaço para as diagonais de Messi e Henry.

Plano de Jogo

Depois de escolhida a formação, chegamos ao passo mais importante do desenho táctico. A construção do plano de jogo. Para esta fase é necessário algum conhecimento futebolístico e pensar o futebol fora do Football Manager. O plano de jogo consiste na definição dos 4 momentos do jogo: ataque, defesa, transição ofensiva e transição defensiva.

Para criar um plano de jogo equilibrado temos de ter em conta os atributos dos jogadores. Como eu estou a treinar o Barcelona, já tenho um bom conhecimento sobre os jogadores, mas dar uma espreitadela aos atributos pode sempre ajudar a descobrir novas soluções.

Na imagem está esquematizado o plano ofensivo. Aqui temos de pensar qual serão as nossas principais armas no ataque e as formas mais efectivas de chegar à baliza. Quando se planeia a construção táctica de uma equipa há que ter em conta o trabalho realizado pelo treinador anterior. Embora este conceito no Football Manager pareça estranho, ele existe.

Quando vocês tomam conta de um clube têm de perceber que os jogadores estão habituados a jogar num determinado sistema, e que vão demorar algum tempo a habituarem-se a qualquer alteração drástica. Quer seja a alteração do sistema táctico quer seja a chegada de muitos jogadores novos, os jogadores precisam de um período de adaptação que pode ser relativamente longo, e custar alguns pontos preciosos.

Assim, escolhi manter grande parte do plano de jogo habitual do Barcelona. A bola sai do guarda-redes curta para Pique (nº2), que inicia a construção ofensiva. Xavi (nº7) desce ao pé dos centrais para recolher a bola. A partir do momento em que Xavi tem a bola, é ele que vai decidir o desenvolvimento da jogada. É importante garantir que ele tem sempre várias opções de passe, para poder decidir bem e evitar perder a bola numa zona perigosa. Com esta configuração, Xavi tem sempre quatro opções de passe: coloca a bola em Iniesta (nº8) para uma fase mais avançada da construção; passa para Ibrahimovic (nº9), que joga de costas para a baliza, permitindo as diagonais de Messi e Henry; rasga a defesa com passes para as diagonais de Messi (nº11); ou abre na ala direita para a entrada de Dani Alves (nº4).

Nesta imagem está o plano de jogo defensivo. Aqui aproveitamos o facto do 3-4-3 que aplicámos ser uma evolução do 4-3-3 do Barcelona (ou 4-1-2-2-1, como lhe queiram chamar). Dani Alves (nº4) desce para formar a linha de quatro defesas, tal como os extremos. Desta forma, a equipa assume um 4-1-4-1, quando não tem a posse de bola. Esta é uma das melhores formas de defender o sistema mais comum no campeonato espanhol, o 4-2-3-1. Como podem ver na imagem, todas as principais ameaças do 4-2-3-1 são anuladas pelo 4-1-4-1.

No entanto não nos podemos esquecer dos momentos de transição. A transição ofensiva é assegurada pelo posicionamento do trio ofensivo, que está sempre bem colocado para lançar um ataque rápido. A transição defensiva é o momento do jogo que mais me preocupa no 3-4-3. Não nos pudemos esquecer que quando perdermos a bola, o Dani Alves vai estar muito avançado no terreno, e poderá não chegar a tempo de formar a defesa a quatro.

O trio defensivo pode ficar muito desprotegido e ser obrigado a alargar, deixando demasiado espaço entre os defesas. Outro problema que me preocupa defensivamente é o espaço deixado por Abidal (nº5) na esquerda. Com Abidal a flectir para o meio, o extremo direito do adversário tem espaço suficiente para causar estragos. Uma solução será tirar Dani Alves e colocar Maxwell como ala esquerdo, contra equipas que joguem predominantemente pela direita.

No entanto, a solução para todos os nossos problemas defensivos está no ataque. Temos que garantir um grande domínio da posse de bola, para assim a equipa não ser exposta defensivamente.

O próximo passo será o mais complicado para alguns: passar para o Football Manager o nosso plano de jogo. Na minha opinião, o Criador de Tácticas veio ajudar muito nesta tarefa. Com a introdução dos papéis que cada jogador tem de desempenhar dentro do campo, o Football Manager deixou de ser um jogo tipo “Arcade”, em que ganhava quem soubesse enganar o motor de jogo, para passar a ser um verdadeiro simulador, onde ganha quem souber mais sobre futebol.

Táctica II

Como disse no post anterior, o primeiro passo na criação de uma táctica é escolher a formação. Para isso há que analisar os jogadores que temos disponíveis. Devido á natureza do desafio a que me propus, a formação está já delineada, resta saber se temos jogadores para cumprir as posições. Num jogo normal, eu recomendo a escolha da formação ser feita em função do plantel.

Como podem ver pela imagem, o plantel é bastante equilibrado e com alguns jogadores polivalentes, o que é uma vantagem numa fase de construção da equipa. No entanto, a falta de pontas de lança e a quase obrigatoriedade de colocar Xavi e Iniesta a jogar, vai obrigar-nos a jogar numa formação um pouco diferente. O trio da frente vai ser constituído por um ponta de lança e dois extremos. Devo relembrar que, no meu ponto de vista, a construção táctica da equipa é um processo demorado e que deve seguir várias etapas, para que surjam resultados a longo prazo.

Tendo em conta esse processo, a formação original será muito semelhante à formação do Barcelona actual, com uma pequena diferença. O 4-3-3 de Guardiola é formado por uma linha defensiva de 4 homens, com Daniel Alves pela direita. Nesta primeira etapa da construção táctica da equipa, vou subir D. Alves para Ala e puxar Abidal para o eixo da defesa.

Esta formação nada tem que ver com a Holanda de Michels, nem com o Barcelona de Cruyff, mas é um passo na direcção certa. Para jogar num 3-4-3 inspirado na Dream Team de Cruyff será necessário realizar algumas alterações no plantel, que serão discutidas num próximo post. Uma das alterações é adaptar Xavi a médio defensivo e Messi a avançado, para assim jogarmos com o meio-campo em losango e três avançados.

No próximo post vou explicar o próximo passo na criação de uma táctica: o plano de jogo.

Táctica I

Vou tentar explicar todas os passos para a criação de uma táctica, segundo a minha abordagem ao jogo. Ao desenhar uma táctica é preciso ter sempre em conta a equipa que estamos a treinar.

Todas as equipas podem jogar em qualquer formação, desde que tenham jogadores para isso. Mas nem todas as equipas podem jogar ao ataque. Quanto melhor for a equipa mais criativo se pode ser no desenho táctico.

Existem quatro tipos de equipa:

Equipas Fracas - equipas que lutam pela manutenção. As opções tácticas são limitadas. Devido à sua baixa reputação, os adversários tomam uma postura mais ofensiva. Por isso, a táctica implementada deve ser mais solida defensivamente e tentar aproveitar o contra-ataque.

Equipas Médias - equipas previstas para o meio da tabela. Neste tipo de equipas as escolhas tácticas são importantíssimas. Aplica-se uma estratégia mais defensiva contra equipas mais fortes, mas é preciso saber atacar e dominar contra equipas fracas.

Equipas Boas - equipas que lutam por um lugar europeu. Já possuem jogadores de qualidade, o que permite jogar ofensivamente na maioria dos jogos. No entanto, a estratégia tem que ser adaptada para jogar frente às equipas de topo.

Equipas de Topo - equipas que lutam pelo título. Estas equipas permitem tácticas mais criativas, devido à qualidade dos jogadores.

Foi por esta razão que escolhi o Barcelona para aplicar o 3-4-3. Em equipas de menor qualidade seria muito arriscado. No entanto é preciso analisar o plantel para escolher a melhor configuração do 3-4-3. No próximo post vou explicar mais profundamente o desenho táctico da equipa.

"Não é uma tarefa simples estruturar a construção táctica de uma equipa através de princípios que façam sentido, que sejam úteis e bem organizados. No entanto, um treinador pode formular regras em que pode basear o trabalho da equipa.

Eu acredito fortemente que um treinador deve manter-se fiel aos seus princípios dentro do processo de construção da equipa, mesmo que haja a hipótese de o resultado de um jogo não o favorecer." Rinus Michels

Muitos treinadores virtuais concentram-se demasiado nas tácticas e nos jogadores, e acabam por passar ao lado de uma visão global do Football Manager. Os criadores deste jogo preferiram nunca publicar um manual oficial, justificando esta opção através do interesse em analisar as diferentes abordagens que os treinadores virtuais desenvolveram para ultrapassar os vários obstáculos. O Football Manager é, no fundo, um jogo de abordagens distintas. Cada um tem os seus métodos.

Desde o Championship Manager 2001/2002, o jogo desenvolveu-se para algo muito complexo, mas ao mesmo tempo muito perto do futebol real. A minha abordagem ao Football Manager consiste no planeamento, a longo prazo, da construção táctica da equipa. Este conceito parece complicado mas eu vou tentar ser claro.

Cada Treinador tem a sua própria filosofia de jogo, e isso só depende da forma como cada um pretende jogar. Partindo desses princípios, é preciso avaliar se o plantel é capaz de cumprir com eficácia aquilo que o treinador pretende. É perfeitamente normal que a equipa não consiga reproduzir todas a ideias do seu treinador, principalmente numa fase inicial. Logo, é o trabalho do treinador moldar a sua equipa através de um processo de construção táctica.

Para dar um exemplo, para aplicar o 3-4-3 teremos de possuir um plantel com superior qualidade de passe, de modo a conseguirmos manter a posse de bola o maior tempo possível. Tendo em conta este principio de jogo, escolhi a equipa que me parece mais preparada para integrar o 3-4-3. O FC Barcelona. A qualidade de passe dos seus jogadores dá uma boa base de trabalho para aplicar este sistema.

É um erro pensar que todo o trabalho está feito. Para aplicar um sistema tão exigente como 3-4-3, vai ser necessário um planeamento minucioso. Desde contratações, jogadores dispensados, novo staff, programas de treino, pré-época, tudo tem de ser pensado em função da filosofia táctica escolhida. No próximo post irei mostrar como desenhar uma táctica, neste caso um 3-4-3 inspirado pelo "Futebol Total".

Fiquem ligados!

Primeiro Desafio

O primeiro desafio deste blog será tentar reproduzir o mais arriscado, mas também o mais emocionante sistema do futebol mundial. Desde o Ajax de Rinus Michels até à Dream Team de Cruyff, o 3-4-3 tem sido sinonimo de bom futebol, praticado por alguns dos melhores jogadores de sempre.

A aplicação deste sistema necessita de jogadores que compreendam a sua dinâmica de uma forma muito mais profunda do que qualquer outro sistema. Um dos grandes obstáculos à sua utilização é a dificuldade de jogar com 3 defesas.

Com menos elementos, a equipa é obrigada a alargar defensivamente para cobrir efectivamente toda a largura do campo. No entanto, deve ao mesmo tempo evitar deixar grandes espaços entre os defesas, que possam ser aproveitados por médios que venham de trás.

Com quatro elementos no meio-campo, este sistema domina, teoricamente, esse espaço do terreno e os jogadores saem com grande facilidade em transições ofensivas rápidas, devido à colocação inicial dos jogadores. A grande dificuldade de jogar em 3-4-3 é conseguir a mesma rapidez nas transições defensivas.

A solução para as fragilidades defensivas deste sistema reside numa elevada posse de bola. Se a bola for circulada com qualidade, passes curtos e pouco arriscados, a equipa perderá poucas vezes a bola e evitará ser surpreendida por contra ataques que a apanhem desequilibrada.

O 3-4-3 tem várias variantes, que dependem da filosofia do treinador e dos jogadores que ele tem à sua disposição. Os 3 defesas podem ser 3 defesas centrais ou 2 laterais e 1 central. A configuração do meio-campo pode também variar entre losango do Barcelona de Cruyff (fig.1), em quadrado com dois médios à frente da defesa (fig.2) ou em linha.

Porém, existe uma variante do 3-4-3 que nunca foi aplicada no futebol real e que me apela particularmente. Se partirmos de um 3-4-3 com 3 centrais e um meio campo em losango e recuarmos os extremos para a linha do nº10 obtemos uma espécie de 3-3-3-1(fig.3). Esta parece-me a forma mais racional de distribuir os jogadores em campo e irá certamente ser um desafio aplicar esta formação.

O objectivo deste desafio será criar um conjunto de tácticas em 3-4-3, com todas as suas variantes, e aplicá-lo com sucesso a uma equipa. Isso poderá demorar algumas épocas, pois vai ser necessário reunir um plantel com qualidade suficiente para reproduzir este sistema.

No próximo post, eu irei anunciar a equipa que vou utilizar neste desafio e enumerar alguns dos pontos chaves para alcançar o objectivo.

Fiquem atentos!

Boas Pessoal!

Eu vou começar este blog sobre o Football Manager 2010. Primeiro gostava de saudar todos os fans de futebol e deste jogo magnífico.

Este blog vai servir para eu relatar as minhas experiências como treinador virtual e colher as vossas opiniões, de maneira a melhorar as minhas capacidades e ajudar aqueles que estiverem interessados em aprender.

Eu gosto de jogar Football Manager da forma mais realística possível, por isso não esperem grandes resultados. Tudo o que conseguir alcançar será através de trabalho árduo.

O principal objectivo não será ganhar troféus. Antes aplicar certas filosofias e experimentar a sua aplicabilidade no futebol real. Apesar de este ser apenas um jogo de computador, é muito bem feito e irá permitir tirar algumas conclusões para a vida real.

Espero que gostem!

Dilemas de um Treinador Virtual